Crônicas da masturbação. [Tony Casanova]


Sempre que vou fazer uma crônica aproveito para homenagear um amigo de infância, este que já está em outro plano, nos braços quentes de papai do céu e que em vida proporcionou não só a mim, mas a todos que o rodeavam, grandes momentos de risos. Gabriel querido, um abraço deste humilde e vamos fazer rir que é o melhor que podemos.
Crônicas da Masturbação.

Certo dia encontro a minha turma de colégio reunida em uma lanchonete próxima da escola. Ali estavam o Pedro, Jonas, Artaxerxes, Luis e quem mais? Gabriel é claro! Só pelo fato de ele estar ali eu já sabia que a conversa estava animada. E estava. Falavam de um assunto que na época era ainda considerado um tabu, algo que se mantinha como segredo e que se praticava furtivamente; a masturbação. Lógico que Gabriel apimentava a conversa e com suas pinceladas de humor, deixava aquele bate-papo mais leve. Perguntei sobre o que falavam e lá vem o moço;

Estamos falando de pelar bem-te-vi. Disse-me Gabriel levando as mãos à boca e falando baixinho.
Ah tah! Pra variar né Biel? Pelar bem-te-vi, esta é nova. Foi você o inventor?
Que nada Tony. Isto já se fala faz é tempo por ai, você tá por fora cara! Sabe quantos nomes tem para isso? Vários!
Sabia não Biel. Sou leigo no assunto. Disse isso e todos riram.
Pois é gente, a pu... bom deixa pra lá, também é conhecida como pelar bem-te-vi, matar o inocente, enforcar o coitado... alguém lembra mais? Pronto, depois desta fala deu-se início a uma verdadeira disputa de conhecimentos, uma palestra, um verdadeiro luau da cultura do prazer solitário. E cada um dizia dos seus conhecimentos sobre a nomenclatura da masturbação.
Cinco contra um. Gritou Pedro.
Bronha. Foi a vez do Xexél (Artaxerxes).
Tocando uma. Biel falou.

E juntos caminhamos naquela inútil descoberta dos apelidos dados para a arte secular da masturbação. Descobri nomes hilários e a cada um que surgia todos se descascavam a rir. Falar em “descascar”, este foi mais um nome da dita arte popular. Tão popular que deveria ser a Sétima Arte em lugar do cinema. Todo mundo é artista. E seguia aquela animada conversa regada a cervejas geladas servidas com capricho. Gabriel, é claro, era sempre o centro das atenções, verdadeiro artista do humor não remunerado, ele conquistava a todos pela simpatia. Imagine que até a cerveja saiu de graça porque o dono da lanchonete animou-se e puxou uma cadeira para participar do debate. Ah Biel sem vergonha.
Quando juntou a turma e o dono da lanchonete, ai a coisa ficou boa. Como por ali naquele horário ninguém frequentava a não ser uns gatos pingados ou desocupados como nós, virou festa privê. As gargalhadas eram ouvidas ao longe. Mas ficou bom foi quando seu Jorge resolveu dizer que era “praticante” da arte. Nem preciso dizer que Gabriel deitou e rolou na situação e seu Jorge, como admirador, claro que ria-se a valer de tudo que o prosaico dizia.

Texto do escritor brasileiro Tony Casanova . Direitos Autorais reservados ao autor. Proibida a cópia, colagem, reprodução de qualquer natureza ou divulgação em qualquer meio, do todo ou parte dele, sem autorização expressa do autor, sob pena de infração ás Leis Brasileiras e Internacionais de Proteção aos Direitos Autorais.

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