Os poetas também choram. [Tony Casanova]


Há quem pense que poetas não choram e que somos feitos de algum material muito resistente ao choro. Um erro pensar desta forma. Assim como enganam-se aqueles que pensam na beleza de uma rosa que ao perder sua pétala, desprende uma gota de orvalho. Rosas choram, poetas também. Um ilustre colega ao escrever sobre poetas, citou que “o poeta é um grande fingidor”, que pena que tantos não entenderam o que diz o seu texto. Que pena que tentem decifrá-lo com leitura entrelinhas e não com sensibilidade. Talvez estes “intérpretes” não consigam ter esta sensibilidade, assim como as rosas secas que não podem chorar porque secaram.
Ler e interpretar sem ter entendido é como olhar o mundo à volta e não entender sua importância porque apenas se olha, não se ouve o cantar dos pássaros, o sorriso das pessoas, a alegria das crianças brincando, o forte brilho do sol, a brisa fresca do vento a balançar as árvores. Em cada um de nós há sensibilidade para percebermos o mundo de forma diferente, mas ao invés de buscar esta sensibilidade, muitos preferem acreditar que poetas não choram. Poetas choram e rosas também. Mas se eles choram, porque choram os poetas? As rosas nós sabemos, mas e eles, porque choram afinal?
Um poeta chora pela dor da poesia ferida, pela perda da sua estrofe predileta, pelo rasgar das folhas onde guardava seus versos. Dizem dos poetas que são inventores de mundo. Inventores não, descobridores. Qual mundo se fala em verso e prosa e que já não exista pelo menos na mente de quem o descreve? Posto que estes mundos são como o mundo, estão para serem sentidos e não para serem vistos. Guardem o que agora vos direi e nisso acreditem: “Por muito acreditarmos nos olhos, acabamos por perder a sensibilidade da mente.” Eis porque muitos não creem no amor. Nunca o viram, como acreditar nele? Estes tais nunca saíram da prisão do mundo que suas vistas criam e acreditam somente no que veem.
Por não haver crédito naquilo que não é visto, o próprio chora por falta de quem nele creia, assim como as rosas despetaladas ou o poeta cujo verso se perdeu. Há quem diga que poetas são incapazes de amar. Pergunto como, se o amor está para todos, exceto para os incrédulos? Não há neste mundo vil quem acredite mais no poder do amor que um poeta. Não o amor dos tolos, mas o sublime, não meramente de palavras, mas de ações. E por tanto crê-lo, ele o descreve como ninguém, mas as entrelinhas no entanto, fazem com que a injustiça recaia sobre seus versos. Não, o poeta não é um criador de universos, posto que só há um criador e um único universo, mas o poeta tende a vê-lo e a descrevê-lo como se ás suas vistas estivesse.
Quem mais poderia descrever tão bem a brisa sem que a tenha sentido na face? Ou quem poderia descrever tão bem o amor sem que o tenha sentido no peito? Dizem uns; palavras apenas palavras! Que seja! Não o que possa ser descrito sem que nunca tenha sido visto, ainda que longe das vistas alheias. O que são apenas palavras é o que sai dos lábios dos insensíveis, aqueles que desconhecem o sabor e o aroma do amor ou que porventura nunca o conheceram por falta de quem lhes amasse. Eis que chora o poeta, choram as rosas e o amor, todos pelo mesmo motivo. Quem o condena portanto, nem sequer sabe o porque das suas lágrimas, muito menos porque chora o poeta. Há neste mundo quem nunca tenha chorado neste vida e também os que choram por aqueles que não tem esta capacidade.

Texto do Escritor Brasileiro Tony Casanova. Direitos Reservados ao autor. Proibida a cópia, colagem, reprodução de qualquer espécie ou divulgação em qualquer meio, do todo ou parte dele sem autorização expressa do autor sob pena de infração ás Leis Brasileiras de Proteção aos Direitos Autorais.
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