Erótico - O orvalho da Orquídea. [Tony Casanova]


Eu estava ali, atônito, quase que petrificado a contemplar teu olhar. Sabe aquele olhar de desejo, destes que miram a boca, clamam um beijo, dizem mais que as palavras poderiam dizer? Assim vi você, ali na minha frente, olhar fatal, boca carente. Meus olhos percorreram teu corpo devagar, como num transe, era olhar, olhar, sonhar. Tua nuca se exibia entre os cabelos finos, um convite a um beijo lento, destes que causam tormento só de lembrar. Vi tua orelha perfeita, brinco pequeno, brilhante, desejei-lhe fazer desfeita; sussurrar mansinho ao teu ouvido, dizer quase nada, só fazer um carinho com a boca naquela nuca tão desejada.
Voltei a contemplar tua boca e ao vê-la, aquela sensação louca de quem sente o toque antes de tocar. Os lábios entreabriam e quando eles sorriam, não havia beleza maior. Senti vontade de tocá-los, experimentar a maciez e a textura, saciar de uma vez toda loucura, a vontade de beijá-la sem parar. Um beijo destes que acendem todo corpo e conduzem a loucura, que desviam mesmo a alma mais pura e a fazem entregar-se por inteiro. Vi teus olhos seguindo os meus, cúmplices, pedindo que não parasse aquela vistoria minuciosa. Senti vontade de xingá-la, dizer-te devaneios, chamar de gostosa. Me contive e me dispus a contemplá-la mansamente. Deixei a vontade apenas na mente que aquecida, me fazia viajar em pensamentos profanos.
Ao mirar-te os seios, duas lindas peras bicudas, quase foi um Deus nos acuda, o desejo tomou conta de mim. Vi os frutos suculentos, fresquinhos, delicadamente arrepiados, bicos já preparados, quase a me furar os olhos. Lindo pomos enrijecidos, belas formas, pedindo o toque sutil dos meus dedos, assim, bem devagar pela delicadeza, pelo medo de machucar. Duas torres entumescidas, como armas apontadas na minha direção, atiçou-me o desejo, a vontade louca, o tesão. Deslizei meu olhar ao umbigo, pequeno e lindo furo que encheu-me a boca d'água. Senti a língua dançando na boca, uma vontade de cobri-lo de beijos macios, na minha pele me veio arrepio que antes era só teu. Não sei ao certo o que me deu, mas meu corpo reagia enchendo-se de calor, desejo e sangue.
Por fim mirei-te a flor. Linda, terna e delicada, que exibia belas pétalas molhadas e um brilho natural que a tornava encantadora. Detive ali meu olhar e quanto mais olhava, mais molhada aquela Orquídea ficava. Pétalas abertas, de cor avermelhada, de uma rigidez amaciada, tanto mais era macia, quanto mais ela molhava. Levei meu dedo a tocar o néctar que escorria, viscoso e inodoro, pela visão tão pura, quase choro, ante tanta poesia contida numa imagem. Senti o contorcer do corpo após o toque lento do meu dedo e de tanta singeleza, confesso que tive medo de tocando machucá-la. Senti que a flor já pulsava, inquieta, chorava seu choro de prazer e eu, ali sem poder me conter, beijei-lhe a flor encantada.
Parte de mim ardia em fogo louco, meu sexo rijo, de tão duro me parecia um pedaço de borracha. Pedaço de ferro quente, em brasa viva a desejar tua flor. Entrei entre as pétalas com cuidado, fui mais carinho que tesão, senti a vontade crescer. No teu olhar a paixão. Encaixamos pensamentos, fantasias e corpos. Senti teu corpo estremecer, apertei tua e beijei-lhe a linda boca. Ouvi teus gemidos, sussurros e pedidos, vi teu olhar revertido, tua flor se aquecer. Agora tuas pétalas me vestiam e tua flor me mastigava o ferro duro, um momento fenomenal, tão sujo e tão puro. Foi um cúmplice final, um casamento perfeito entre dois corpos aquecidos que agora adormecidos, descansam do seu amor.

Texto do escritor brasileiro Tony Casanova. Direitos Autorais Reservados ao autor. Proibida a cópia, colagem, reprodução de qualquer natureza ou divulgação em qualquer meio, do todo ou parte dele, sem autorização prévia e expressa do autor sob pena de infração ás Leis Brasileiras e Internacionais de Proteção aos Direitos Autorais.
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