A força de um sonho. [Tony Casanova]


Paulo e Glícia se conheciam desde a infância. Cresceram juntos e só após a chegada da adolescência foram perder o contato, apesar de morarem na mesma rua. Mesmo se conhecendo sua aproximação não era grande, mas havia um respeito mútuo entre eles. O reencontro deu-se quando Paulo começou a trabalhar em seu primeiro emprego e ficou muito surpreso ao descobrir que a moça também trabalhava no local. Tratavam com a formalidade de colegas de trabalho, sem muitas ligações, apesar de estranhamente sempre auxiliarem um ao outro nas tarefas como se um procurasse sempre mostrar-se presente na vida profissional do parceiro.
Um dia, ao término do expediente, Paulo e Glícia se encontraram na saída e como moravam na mesma rua, seguiram para o mesmo ponto de ônibus. No caminho ele puxou conversa, ela revelou-se uma pessoa alegre e muito simpática. Sorria vez em quando um sorriso bonito que casava bem com suas feições de menina. Glícia era muito bonita, pequenina, aproximadamente 1,63 Metros de altura, rosto angelical e um corpo perfeito e bem proporcional. Vaidosa, cuidava bem da aparência. Sempre fora inteligente e comunicativa, fato que lhe rendera o emprego na mesma empresa que Paulo. Ela exercia a função de secretária e ele trabalhava no administrativo. Seguiram conversando alegremente e em um certo momento Paulo pegou na mão da moça e ambos pararam. Ele então lhe disse:
Glícia, olha, eu sei que não nos conhecemos bem mesmo morando na mesma rua, mas queria que soubesse que gosto muito de você e isto de muito tempo. Estou muito feliz por tê-la encontrado de novo e poder dizer a você o quanto senti tua falta durante este período de ausência. - Disse isso olhando nos olhos inquietos dela, que nervosa procurava baixar o olhar e esconder o nervosismo das mãos que suavam.
Eu também gosto de você como amigo Paulo. Me sinto bem ao teu lado, me sinto segura, mas espero não estar dando margem para alimentar algo em você para o qual eu não estou preparada. Te admiro muito, pôxa você é um cara legal, mas não queria que confundisse tudo. Podemos ser amigos melhores, cuidar bem um do outro, mas sempre no cuidado de não avançarmos nos limites. Desculpa tá dizendo isto, mas prefiro dizer isto agora do que começar algo e não ter como levar adiante. Você entende?

Ele olhou para ela, soltou sua mão devagar e encantado, sorriu enquanto dizia:

Claro que entendo Glícia. Confesso que não entenderia se tivesse dito diferente, mas você usou palavras tão bem colocadas que acho impossível que pudessem me magoar. Então, amigos?
Sim, amigos. Aliás, melhores amigos. Prometa cuidar bem de mim que cuidarei bem de você também. Como disse, me sinto segura com você por perto e não gostaria de perder isso.

Meses se passaram após esta conversa e um dia o pessoal da empresa recebeu um convite para uma festa de aniversário após o expediente. Seria na casa de um dos diretores. Paulo e Glícia foram. A noite foi bastante animada. Muita comida, bebida e música. O ambiente exalava alegria e eles se divertiam a valer. De longe Paulo olhava Glícia conversando com a colegas. Estava linda como sempre. A moça percebeu que ele a observava e olhando para o relógio indicou os ponteiros. Ele concordou e ambos foram despedir-se de todos. Na saída começou a cair algumas gotas de chuva e eles resolveram correr até o ponto de ônibus mais próximo. Instintivamente Glícia pegou a mão de Paulo e segurou forte enquanto corriam. O pensamento de Paulo lhe dizia que se ela tropeçasse ele faria qualquer coisa para que não se machucasse.
Chegaram ao ponto e ele não parava de admirar a beleza dela. Pequenina, charmosa, um sorriso tão lindo que ele desejava que nunca se extinguisse. Tímida, ela o olhava enquanto a observava e sorria, apenas sorria. Mal perceberam que não soltaram as mãos, mesmo quando o ônibus chegou, cruzaram a catraca de mãos dadas. Ela não afrouxava os dedos, ele só delirava no sonho mais doce de sua vida. Sabiam que por mais que falassem, que quisessem abrir as mãos, aquilo que as unia seria sempre mais forte e daria um jeito de uní-las novamente.

Texto do escritor brasileiro Tony Casanova . Direitos Autorais reservados ao autor. Proibida a cópia, colagem, reprodução de qualquer natureza ou divulgação em qualquer meio, do todo ou parte dele, sem autorização expressa do autor, sob pena de infração ás Leis Brasileiras e Internacionais de Proteção aos Direitos Autorais.

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