Os pecados da Televisão brasileira. [Tony Casanova]


Tivesse eu a oportunidade de estar estar em contato com donos de emissora e pudesse dar-lhes sugestões para suas grades de programação, eu iniciaria quebrando um mito que existe a anos nesta área: Sim, é possível ganhar a audiência e estar em primeiro lugar, derrubando a Vênus Platinada. Como? Primeiro é preciso que quem faz a grade hoje, acredite que pode ganhar a audiência, segundo ele precisa saber que não está fazendo uma grade para sua própria família, para grupos ou classes. Quem administra uma grade não deve fazê-lo como acadêmico, mas como telespectador. Durante anos e anos a televisão brasileira “empurrou” ao telespectador brasileiro aquilo que achou que fosse bom e submeteu ao seus gostos pessoais uma programação repetitiva e desgastante. Nos últimos dez anos mudaram o que não deviam, sabe lá Deus porque e hoje temos só Talk Shows infelizes e caducos, telenovelas em tamanha quantidade que se retirassem-nas da grade ficaria um buraco equivalente a mais da metade da programação. Simplesmente a emissora pararia.
O fato das emissoras perderem espaço para internet pelo visto não está sendo levado a sério, mas a verdade é que esta perca de audiência está representando o grito de liberdade do público saturado da pobreza de programação da televisão. Nunca houve um canal de comunicação direto entre o telespectador e as emissoras até porque nunca houve interesse em ouvi-los, em saber suas opiniões sobre a grade de programação. Apesar de estarmos falando em tempos de interação, avanço tecnológico e sociabilidade. O fracasso da televisão no Brasil hoje é um fato. Enquanto antes ficávamos presos à tela, ligados a uma emissora, hoje garimpamos em busca de uma programação que nos agrade. O pecado foi justamente manter a mesma grade de programação com programas que estão no ar por décadas, insistindo em uma mesmice que provoca a ojeriza do telespectador.
A programação infantil, antes dona das manhãs e que permitiam as crianças terem algum entretenimento foram extintas, antes porém cometeu-se o erro mais comum e infeliz que todas as grandes emissoras vem cometendo: Trouxeram toda a programação enlatada de fora do Brasil. Trouxeram a Cultura Americana, o estilo de vida Americano, as reações Americanas para dentro dos lares brasileiros e apresentaram como programação. Não acredito que no Brasil não tenhamos profissionais capazes de criar, de produzir do Brasil para o Brasil. Na programação infantil onde esquecemos Ziraldo, onde esquecemos Maurício de Souza e sua família de talentos, onde esquecemos tantos outros artistas competentes e que já tem tradição de criação infantil? Matamos a Vila Sésamo, o Sítio do Pica-Pau Amarelo e todas as outras programações genuinamente Nacionais para enxertar no Brasil aquilo que já foi sucesso fora dele. Com isto todo dinheiro que iria para a nossa Cultura, nossos artistas, vão ficando no exterior.
Me custa entender a insistência de algumas emissoras em torno dos Reality Shows, chatos, péssimos e deploráveis por expor a figura humana em suas intimidades e cuja única intenção desesperada é ganhar a audiência. A oportunidade de bater a audiência está lançada, basta ouvir o público e seguir outro caminho. Basta respeitar quem está do outro lado da tela consumindo a programação ao invés de confiar na opinião de meia-dúzia de engravatados que sequer assistem TV e por isso nada entendem do gosto popular. Precisamos de Telejornais, sim. Mas não só de Telejornais. Novelas, sim, mas não só de novelas. Precisamos de Humor, sim, mas não só de humor. E assim com esportes, filmes e o restante. Agora me respondam os senhores donos de emissoras, usando de toda franqueza possível; - É possível ganhar audiência cometendo os mesmos erros que a concorrência? Parabéns a Rede Bandeirantes que resgatou um horário para filmes e vem exibindo um ótimo pacote em sua programação. Só falta coragem para adquirir e selecionar filmes capazes de competir com as telenovelas.

Texto do escritor brasileiro Tony Casanova . Direitos Autorais reservados ao autor. Proibida a cópia, colagem, reprodução de qualquer natureza ou divulgação em qualquer meio, do todo ou parte dele, sem autorização expressa do autor, sob pena de infração ás Leis Brasileiras e Internacionais de Proteção aos Direitos Autorais.

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