Um amor de verão. [Tony Casanova]


Aquele domingo tinha tudo para ser mais um dia de verão na pequena capital sergipana chamada Aracaju. Naquele dia Regi acordou cedinho, disposto a ir à praia de Atalaia, considerada uma das mais lindas orlas do Nordeste brasileiro. Tomou um banho, pôs a roupa de banho e comeu sua primeira alimentação do dia. Adorava ir à praia, gostava de sentir o vento fresco, o barulho das ondas e até mesmo o burburinho das pessoas no local. Ele procurava chegar cedo, assim ficava contemplando a beleza da paisagem. Como era bonita a longa avenida com seus quiosques padronizados, pés de coqueiros e grama. As pontes e os lagos deram um toque maravilhoso, um ar Europeu, mas lindo mesmo era ver a edificação do Oceanário com sua forma de tartaruga marinha que só podia ser vislumbrada do alto.
Para uma capital pequena, Aracaju era bem servida de hotéis e pousadas, o que atraia muitos turistas e fazia fervilhar a praia nos dias quentes de verão. Regi via muitos banhistas se refrescando à sombra dos enormes e coloridos sombreiros colocados à margem do mar, bem nas areias fofinhas que abrigavam os quiosques. Consumiam água de coco, cerveja, refrigerantes e iguarias vendidas por ambulantes ou mesmo adquiridas nos pequenos bares. Ouvia aquele misturado de vozes em meio ao som dos rádios que tocavam variados tipos de músicas. Crianças brincavam, garotas desfilavam seus biquínis coloridos, homens conversavam, aquilo era a Orla de Atalaia que Regi adorava.
Chegou à Orla e como sempre dirigiu-se ao mesmo quiosque, onde já conhecia o dono, Galego, um cara muito gente boa e cujo atendimento lhe dava destaque entre os comerciantes locais. Após um cumprimento, logo começaram a conversar sobre as novidades. Regi pediu uma mesa e Galego o levou até uma que disse com um sorrisinho de malícia,ser privilegiada. Ele entendeu porque e agradeceu pedindo uma cerveja gelada. A bebida chegou e ele trancou-se em pensamentos enquanto limpava com o dedo as gotículas d'água que escorria nas paredes do copo. Pensava e olhava em volta, contemplava aquela beleza natural e parava no mar imenso, se perdendo no horizonte como se não tivesse fim. Começou a imaginar se seria capaz de adivinhar onde estavam localizados cada cidade, cada País ali no final daquele gigante de águas. De repente seus pensamentos foram interrompidos:
Oi, bom dia. O senhor tem um isqueiro para emprestar?
Você fuma? Perguntou Regi para a mocinha que interrompera seus pensamentos.
Não. Minha irmã, é que fuma e me pediu que viesse pedir seu isqueiro emprestado.
Tudo bem. Disse isso e ficou observando a moça se afastando até uma mesa próxima onde estavam mais duas garotas. Ele não pode deixar de perceber que aquele corpo pequeno era bem delineado e que a moça era muito bonita.

Voltou aos seus pensamentos e divagou por alguns minutos quando novamente a moça lhe surgiu como se saísse do nada. Com um sorriso cativante, pediu-lhe mais uma vez o isqueiro. Lá se foi enquanto Regi a observava. Notou que as moças estavam sozinhas e que conversavam alegremente, fato que lhe agradou, mas não iria “convidar-se” a estar com elas, afinal elas só queriam o isqueiro. De volta aos pensamentos, ele aproveitou para pedir outra cerveja e passada meia-hora já havia viajado em divagações por todos os Continentes possíveis. Quando pediu a terceira cerveja, eis que surgiu mais uma vez a garota do isqueiro. Ao se aproximar ele disse:
Já sei, o isqueiro!
Como adivinhou? Disse isso enquanto sorríamos.
Sabe, você já veio tanto aqui e eu nem sei o seu nome. O meu é Regi.
Pode me chamar de Mel. Um prazer viu Regi e obrigado pela paciência de emprestar o isqueiro a toda hora. Fico com vergonha de vir pedir.
Poxa, Mel. Ainda bem que não sou diabético! Não precisa ficar envergonhada, serviu para que pudéssemos nos conhecer e eu estou feliz por isto.
Minha irmã mandou perguntar se você quer vir para a mesa dela.
Claro, se não for incômodo eu vou sim.

Chegando à mesa Mel o apresentou à sua irmã e a amiga dela. A conversa prosseguiu entre risos e brincadeiras. Pouco depois Regi descobriu que aquela menina-moça chamada Mel tinha 17 anos e que algumas horas depois ela viria a ser a sua namorada. Incentivados pela irmã, eles se descobriram em meio as alegrias e risos fáceis que um conseguia extrair do outro. Não foi difícil apaixonarem-se e fazer a alegria de todos à mesa. De volta, Regi conduziu as moças para casa e fora apresentado aos pais dela já como namorado. Aquele domingo lhe proporcionara não apenas um amor de verão, mas lembranças que jamais serão apagadas pelas marcas que deixaram.

A presente obra está baseada em fatos reais obtidos a partir da narrativa dos próprios personagens que gentilmente autorizaram a publicação. Os nomes foram substituídos à pedido dos narradores, mas os locais e os fatos foram preservados.

Texto do Escritor brasileiro Tony Casanova – Direitos Autorais reservados ao autor. Proibida a cópia, colagem, reprodução de qualquer espécie ou divulgação em qualquer meio, do todo ou parte dele, sem autorização expressa do autor sob pena de infração ás Leis Brasileiras e Internacionais de Proteção aos Direitos de Propriedade Intelectual. O uso da presente obra sem respeito aos créditos devidos ao autor incorrem em Crime de Plágio.

2 comentários:

  1. Texto muito bom pois nos mostra que não podemos explicar e nem descrever o amor em toda sua essência ,parabéns.

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